sábado, 31 de dezembro de 2011

Para o Ano do Dragão, na China: (ou tanto faz, por aqui)

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eu tenho esse hábito estranho de escrever textos na virada do ano. já fazem 10 anos que faço isso, mas eles sempre mudam de formato. é a primeira vez que faço lista de desejos.

ano retrasado xeroquei um poema e deixei na casa de vários amigos. desta vez, serei mais egoísta.

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Deus, não me faça um conservador.

Me deixe ter preguiça, por favor.

Que eu não me satisfaça sendo engrenagem e cumprindo as metas do meu chefe.

Que o amor só aumente.

Que as colheitas sejam férteis, para todos que semearam. (ambiguidade)

Que eu dê valor aos sacrifícios dos outros, não me deixe errar nisso.

Que eu aprenda de verdade (não precise do google para me certificar das coisas).

Que eu conheça novas músicas de 1930.

Que eu tenha muito frio na barriga, mas não de medo de assalto.

Que eu não fique reclamando o dia inteiro de saudade de uma época.

(por mais que eu queira novos L.Ps.)

Que os livros sejam surpreendentes.

que eu não seja tão crítico assim.

Ah! que seja!, que eu seja crítico.

Que eu não fique nostálgico demais.

Que eu possa fugir verdadeiramente do lugar comum.

Que eu possa agregar, em vez de substituir.

Que o dinheiro continue onde está, sem importância exagerada.

Não me deixe mais chato e intransigente.

me deixe tocar mais (ou melhor, me deixe tocar mais gostoso)

E, (não só politicamente, mas musicalmente e etecéteramente)

por favor, não me faça mais um conservador.


quarta-feira, 9 de novembro de 2011

É brega falar de amor e de revolução.

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Entendo pouco dessas coisas, mas,

Se a mídia não nos representa, que criemos uma nova, que fale a nossa voz e nos dê ouvido.

Que escrevamos nossos próprios jornais!

Se o Estado não nos protege do que nos dá medo, o que fazer? Além de reestrutura-lo por inteiro? É preciso segurança, educação, cultura e saúde em TODOS os lugares.

Se os representantes não pensam em nossos problemas, mudemos nossos representantes e as leis que os protegem, guardam e os colocam lá de novo. Controlemo-los.

Se a opção é manter os valores, ou manter o emprego, que saiamos a mandar currículos. Que mudemos de carreira! Que ganhemos menos!

Que exijamos formas dignas de viver, ganhando menos!

Se a meritocracia enraizada nunca foi justa, por que não oferece as mesmas condições, mesmo discursando sobre o oferecimento das “mesmas oportunidades”, escolhamos a equidade, então.

Eu só não aceito a aceitação.

Se eu não posso mudar o mundo sozinho, o que me impede de tentar?

Me diz, pai:

O que me impede de lutar uma guerra perdida, se só eu vou sangrar?



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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Abandonado aqui, não?

mas agora eu tenho internet em casa...

então... quem sabe?

terça-feira, 24 de maio de 2011

um blues sem título

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Eu, sentado na frente do Sonda, na esquina da Matarazzo, tomando uma cerveja enquanto esperava a De chegar.

Passa ele, olha pra mim, fala comigo. Eu tiro os fones. Television, Marquee Moon.

- ta triste?

- não. Porque?

- parece triste.

- tô cansado, cara. (ameaço colocar os fones, já tá no solo.)

- quantos anos você tem?

- 22.

- 45.

- não parece.

- eu sei. Sabe, eu trabalhava na Unip e agora moro na rua. Isso aí que você ta sentindo é besteira, sabe?

- sei...



Sério.




Olha, eu não sou desses que compara desgraças.

“Come tudo o que ta no prato filho, porque na África as pessoas têm fome.”.

Não sou assim.

Mas, num dia em que eu estava a um documento-perdido-impossível-de-achar-eu-nem-estava-aqui-nesta-época de largar tudo... ... .. . . .




(eu acho que atraio isso, né?)



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terça-feira, 17 de maio de 2011

- O de sempre, por.. fa... vo.. unh... quer saber?...

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Eu não quero mais...
Eu não me dou bem com isso aqui. Não sei fazer as coisas direito. Meu trabalho sempre parece mal feito.

Ah... Que coisa horrível!

Eu quero ouvir música, talvez tocar violão.
E conhecer bandas novas e assistir os filmes e seriados que eu gosto.
E também os que não conheço.
Quero mudar de banda favorita e escolher um novo filme predileto com um/a novo/a ator/atriz simplesmente excelente.

Quero voltar a subir em árvore e pesar menos.
E conseguir correr! Que saudade da época que conseguia correr!
Antes da cerveja, dos bifes e dos malditos cigarros.

Estou cansado de ter saudades de andar descalço e de não te tempo de ler um livro que quero.

Estou cansado de ser ranzinza e reclamar de tudo.

Porra, eu sempre fui chato e exigente, mas eu era um pouco menos mal humorado.



Mas isso tudo é o que todo mundo quer.

Acho que só quero me sentir satisfeito.


Quanto dá isso tudo?



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- Coloca pra viagem.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Bobagens que pensei agora, enrolando antes de sair.

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Bem, o Osama morreu.

Se existiu parece que morreu, pelo menos.

Assim... eu não acredito que um grupo tão grande como a Al-Qaeda seja liderada por um único homem. Acredito que este é só um bode expiatório, um rosto, até mesmo um porta-voz..
Mas eu sou do grupo dos que adoram teorias da conspiração.

De qualquer forma, muita gente ganhou muito dinheiro com os ataques terroristas: a indústria bélica americana lucrou como quando ainda na guerra fria. As empresas de segurança então... (lembro de um comercial no CNN uma vez... algo sobre uma moxila pára-quedas a venda para caso alguém tivesse que pular de um prédio, se um ataque terrorista).
O medo se mostrou descaradamente lucrativo.

Fora a reeleição do Bush.
E agora, já na campanha de eleição do Obama...
Estranho.


Vi na folha:

“Bill Clinton, outro ex-presidente dos Estados Unidos, também comentou a morte de Obama. Para Clinton, esse é um momento "profundamente importante para as pessoas de todo o mundo que buscam um futuro comum de paz e liberdade". Clinton felicitou Obama, a equipe de Segurança Nacional e os membros das Forças Armadas americanas que "levaram Osama bin Laden perante a justiça depois de mais uma década de ataques assassinos da Al-Qaeda".”

Ah! o jeito Ocidental de se fazer justiça...
Depois reclamam da pena de apedrejamento da Sakineh...

E o presidente da França?
...Nicolas Sarkozy, considerou o fato uma "derrota histórica da praga do terrorismo", mas assinalou que não representa o fim da Al-Qaeda e que o combate contra esta organização "deve continuar sem descanso".

Não é lá que estão expulsando ciganos e proibindo trajes típicos de um pais/religião? Mas isso é outro assunto..

Algumas coisas me fazem pensar...

O que raios é justiça? Olho por olho, dente por dente? A lex talionis é de 1780 a.C, caralho!!! As coisas ainda se resolvem assim...
E, olha, o problema para mim não é nem isso... o problema é o tanto de gente culpada que sai ilesa dessa. Gente que facilita a coisa, gente que lucra com isso...
Assista Machete. Você se diverte e ainda entende isso. (fora que tem a Lindsay Lohan pelada e o Danny Trejo matando todo mundo com uma faca. Filme calmo, doce e tranquilo)


Mas, sabe, é compreensível... Mataram um ícone. Se é que ele existe. Se é que morreu.

Só tem um problema: em 1967 os Estados Unidos mataram um outro ícone. Um extremamente irritante, com uma boina legal e algumas frases de efeito fodidas.
O cara hoje, 2011, é camiseta, botton, adesivo e tudo o mais.

Neste caso, eles mataram o homem, perceberam que o ícone era maior do que podiam destruir e numa manobra genial de quem consegue controlar a mente das crianças a anos, englobaram o mito a uma rebeldia autorizada pelos pais.

Só que, o Che, no caso, tinha outra postura. Tinha motivos. Tinha uma grande esperança na educação do povo. Tinha fé no ser humano. E o Osama? E se esse cara virar ícone?


Ainda vou ver muita merda passando debaixo desta ponte.


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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

John Gillis salvou minha vida.

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Acordei com Dakota do Stereophonics hoje, no meu radio relógio.
Uma das melhores coisas do meu dia é quando eu acordo e está passando uma música foda, logo de manhã.
Olha, eu acordo bem cedo...

Outro dia acordei com Love Tell us Apart, do Joy.
e semana passada me atrasei porque estava tocando Mother do Floyd.
Na verdade, me atraso muito por culpa da seleção de músicas da Kiss, de manhã...
(não gosto muito das músicas que tocam a tarde, as vezes acho que é seleção para agradar tiozão. Mas de manhã é sensacional)

Minha relação com a música não é normal.
Eu cito. Eu estudo. Eu me aprofundo. Eu adoro, como se adora um Deus.
Não do jeito que os outros citam, estudam, aprofundam ou adoram.
É diferente, acho. Na verdade, não sei quantas pessoas curtem as coisas como eu curto.

Eu não sou mais a pessoa mais crítica que conheço, mas sou muito chato. Principalmente comigo mesmo, com minha música. Eu não me satisfaço quase nunca.
Em compensação, consigo ouvir o primeiro disco do Flat Duo Jets tranquilamente, mesmo sabendo que aquilo é quase uma versão não acabada de uma guitarra e uma bateria. Não gosto do excesso de produção, do excesso de pose ou de maquiagem. Odeio Van Halen e aqueles malditos sintetizadores, solos super rápidos, acrobacias, pirofagias e o que mais se encontrar naquilo.
Prefiro escutar Guided by Voices. Ou Bob Dylan, ou qualquer coisa que não soe tão pretensioso.
Prefiro Ramones.

Eu pertenço a uma minoria de músicos que se diverte trocando as cordas da guitarra, limpando tudo, arrumando os cabos, consertando, limpando riscos.
Eu gosto do arranhado do disco e da voz do Sun House.
Eu gosto das coisas simples da vida, até demais.

Eu não sei explicar e, na verdade, nem sei se quero, só precisava te dizer que...
Bem...

John Gillis salvou minha vida.
Mais de uma vez.


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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Está tudo bem agora.

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Ontem, domingo, meu pai quase morreu.
Eram dois caras, um armado, o outro não. Eles viram primeiro o pai do motoboy da pizzaria, que é surdo e por isso não entendeu que se tratava de um assalto.
Quando perceberam que do velho não arrumariam nada, foram para o filho, que, por natureza mesquinha ou instinto incontrolável (quem sou eu para dizer?) disse que não entregaria a carteira. O que estava desarmado o derrubou sem dificuldade, mesmo com todo seu peso, e os dois começaram uma luta no chão, logo acompanhada pelo homem que estava fora, o homem que estava armado.

Segundo meu pai, ele mirou, mirou de novo e ia atirar a queima roupa certeiramente na cabeça do rapaz, se não fosse uma cadeira de plástico que meu pai quebrara nas costas do homem.
Este por sua vez, o empurrou para o meio da rua e o derrubou, com um ponta-pé. Chutou meu pai quando estava no chão e atirou. 2 vezes. Errou as 2 vezes.

Quando os vizinhos saíram, alguns com facas e pedaços de pau, eles correram e deram mais um tiro, para assustar.

Eu gostaria de fazer uma reflexão poética, filosófica, sociológica e tal. Talvez uma citação, talvez Foucault.

Mas não dá. Eu estou com medo.
Eu estou assustado.

Eu quase perdi meu pai.

Nunca fui de respeitar as pessoas pelas relações consangüíneas. Prefiro respeitar e amar as pessoas pelo que elas são como humanos, não como familiares que, para mim, só servem para fotos.
Repito o que já disse (e que sempre digo), tenho irmãos que me tratam como estranhos e “estranhos” que me tratam como irmãos.
Mas meu pai...

Para quem não conhece meu pai, ele é um dos homens mais HUMANOS que conheço.
Erra porque é humano. Se julga, é porque é humano. Ele é forte como nunca vi ninguém ser tão forte e justo como ninguém que conheço possa ser tão justo. Sua balança só pende pro meu lado ou dos meus irmãos, involuntariamente.

Ele conhece a mesquinharia dos seres humanos. O motoboy estava com a carteira vazia, só tinha alguns documentos.
Mas também, como eu, acredita na inocência das pessoas. Sabia que o motoboy não podia perder a carteira, porque poderia perder a moto (os documentos da moto, de licenciamento, não estão no nome dele). E perder a moto é perder o emprego.
Não o emprego na empresa do meu pai. O bico. Porra, o cara tem 2 filhos, uma esposa e um pai surdo! A única fonte de renda dele é essa maldita moto, se ele quer trabalhar honestamente.

Eu não sei.
Não consigo exprimir o que sinto. Não hoje.

Mas está tudo bem agora.

[Obrigado aos meus amigos, que estavam comigo ontem, bebendo e se divertindo, e me sustentaram quando o mundo pareceu cair.]

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segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Isto não é uma crítica. Isto não é um texto. São só uns rabiscos de intimidade que prefiro compartilhar, para não esquecer.

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Na quinta feira fui assistir a “o Mágico” no cinema.
Desenho bacana. Ok. É Francês, sem quase diálogo algum e lembra muito o jeito de contar piada do Chaplin. Lembra uma época sépia, que o humor era provocativamente inocente.
Eu gostei. A De odiou. Falou que era parado demais e não entendeu. (Só que eu também adorei Scott Pilgrim e ela também odiou, então... sei lá.)
Na verdade, é mesmo um filme parado que me fez dormir em duas situações. Mas eu ainda sustento a minha desculpa, porque trabalhei o dia inteiro... bla bla bla... e estava cansado... bla bla bla...

Mas o que me importa é o enredo do filme:

“O Mágico conta a história de um artista que está em decadência, cuja fase de glória está sendo roubada por estrelas emergentes do rock. Forçado a aceitar tarefas cada vez mais obscuras, como se apresentar em bares falidos e festas no jardim, ele conhece uma jovem fã que muda sua vida para sempre.”

- segundo o site do Unibanco Art Plex.

É mais ou menos isso, acrescido de que uma destas “estrelas emergentes” do rock é uma banda ridiculamente clichê e gay, que me lembra muita coisa que eu vi por aí, e muita gente que eu conheci...

Mas o ponto principal é a decadência. Chega um momento na vida do coitado que só um menino e uma senhora surda o assistem. Ou quando ele tem que pagar para baterem algumas palmas a ele. Triste.
E acho que é exatamente por isso que gostei tanto do filme. Me reconheço no mágico, talvez por saber que serei o último a me reconhecer como irrelevante.
Porque eu sou teimoso, primeiramente, e depois, porque sou passional demais com tudo.
Ou infantil.
Fica a cargo do leitor decidir enquanto percebo que entendi o porque do formato desenhado do filme: me lembra uma infância, mesmo ainda adulta, que nunca tive.





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