sábado, 26 de maio de 2012

Napoleão


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Napoleão pensa em vender suas coisas e juntar algum dinheiro
A vida a dois nunca foi fácil, ainda mais sem o emprego.
Outra criança que vem, as contas todas no atraso.
Sente-se feliz, mas, às vezes, decepcionado.

Napoleão sonhava com lêmures, sem nunca tê-los visto.
Pensava em ser biólogo, ou algo que envolvesse riscos.
A vida rodopiou e o deixou nesse lugar.
Não é o que preverá, mas, certas coisas, nem pensa em mudar.

Napoleão tenta se lembrar de sua idade.
Pensa estar dormindo há anos, que tudo é irreal.
Cutuca seu cachorro, que o olha, curioso.
 Sonha acordado e tem insônia à noite, na verdade.
Se preocupa se a esposa e as crianças dormem mal.
Pensa em soluções pra sua vida, temeroso.


Mas não mudaria nada, Napoleão.
(Talvez o corte de cabelo.)

quinta-feira, 26 de abril de 2012

1990

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Se lembra quando a TV ficava quase sempre ligada?
a gente nem tinha telefone
mas tinha um orelhão na esquina, de frente à padaria.
Se lembra quando a gente mandava carta?

E achava que estava tudo perdido
que o amor tinha sumido
no começo dos 90.

Tudo mudou,
como sempre muda.


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domingo, 4 de março de 2012

Explicações (de novo)

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Mentalmente mais difícil atualizar isso aqui.

E, olha, eu tenho pensado em muita coisa ultimamente.

Só não rola...

Essa vida de fases... acho que tenho mais textos sobre a falta de inspiração em escrever, do que realmente textos inspirados.

Esse é o assunto da minha vida, aliás. Motivos para não fazer aquilo que quero fazer e incapacidades momentâneas alimentadas por insegurança permanente.

Bom título para uma tese de mestrado.

Eu estou escrevendo de novo no caderninho que a De me deu e, talvez, eu consiga voltar a boa fase (que nunca existiu). E, tenho outro caderninho agora... acho que vou escrever sobre as músicas que eu mais gosto. Comprei o 31 canções do Hornby na Fnac por 10 reais.. e tava folheando... fiquei com vontade. A idéia é muito boa.

Claro, não tenho nem 1% do conhecimento musical dele... nem da vivência e nem do talento.

Mas, arrogância para a empreitada... ah!... com certeza.



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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

velhos assuntos, com letras mínusculas.

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Minha prima ontem (do sábado pra o domingo) estava no carro com um muleque que queria se exibir e bateu no poste. Fodeu com tudo e quebrou a mão dela. O sinto de segurança salvou, quem diria. (por que ele correu chamar um amigo e largou ela no carro, sozinha)
Aí tem esse negócio aí, que eu vi na Internet, sobre se o cara estuprou ou não a moça lá no Big Brother.
Acho isso importante. O assunto, não o big brother.
O que foi que aconteceu na história das mentalidades que deixou os homens tão cheios de sí?
Esse é o fim da história e esses são exemplos isolados de um método que está acabando, ou é o início da volta dos estupros corretivos?
Coisas bestas, sabe?
O cara que passa a 100 por hora quando o limite é 80 e reclama da multa. Diz que é "industria da multa da prefeitura".
O cara que puxa o cabelo da "mina" na "balada".
O cara do Whiskey com Red Bull, muito louco, batendo nos "viados" da paulista.


Sei lá. Acho que são 10 por cento de nós. Os outros 90 respondem pelos seus abusos.

Mas, mesmo assim, eu não encontro alguém para ter como culpado. Assim: não encontro um só culpado, alguém que seja TOTALMENTE culpado. São 300 fatores que tem culpa parcial.
Mas o consumismo e o individualismo pegariam penas maiores no meu tribunal. (talvez por crimes anteriores e preconceito do juíz)
Quando eles me contam o que aconteceu, nos dois casos, eu escuto:
"eu tenho o carro, tenho o rosto, tenho as roupas, tenho a atenção dela para mim. posso tê-la quando quiser. e eu quero. agora."

Com minha prima foi aquele moleque que eu estou acostumado a ver aqui perto do trabalho, voltando da balada na quarta feira. O rosto, o carro alugado, as roupas de marca (mais caras do que todas as roupas que já comprei na vida, somadas). Só queria mais atenção, acho.

Coisa de macho alfa.
(eu só não esperava minha prima, minha pequena prima que já é maior que eu, dando bola para isso, mas, desilusões piores ainda vão passar)

Odeio machos alfa.

De verdade, sem aquela inveja que normalmente é associada ao não-gostar.
Eu não gosto dos carros sport (não porque não posso tê-los. é que eu gosto de bagageiro grande que caibam guitarras, amplificadores e bicicletas), não gosto das roupas de babaca, das gírias mais novas do mundo, da sensação do momento.
Não gosto de ver na cara deles a expressão de soberba.

Até entendo, afinal, quem nunca quebra a cara nunca se arrepende.
É o comportamento justificável.
É a medíocridade, que nivela os comportamentos.



Mas isso tudo já foi escrito antes, não foi?



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